Promessas não cumpridas e clima de tensão
Lara Barbieri e Fernanda Marques, atletas do União-RN, registraram um boletim de ocorrência contra a dona e técnica do clube, Tereza Walessa. Segundo elas, o alojamento era insalubre, com mofo, banheiro entupido e falta de estrutura. “Chegamos lá e era completamente inabitável”, relatou Lara. Outras três jogadoras confirmaram as condições precárias e mencionaram pressão psicológica e promessas descumpridas desde a chegada ao clube.
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As atletas denunciaram que o clube prometeu ar-condicionado, TV e uma estrutura básica que nunca foi entregue. Segundo Ágata Loreza, nem ventiladores foram disponibilizados: “Tivemos que fazer vaquinha”. Elas também relataram ameaças de demissão frequentes e imposições de orações diárias. “Ela dizia que não tinha problema em mandar embora e contratar outras”, afirmou Fernanda. O clube nega e fala em distorção dos fatos.
Outro ponto crítico diz respeito à alimentação. As jogadoras alegam que recebiam apenas comida básica, como arroz, feijão e ovo, e que não havia cozinheira. “Walessa falou: ‘faz uma vaquinha entre vocês e comprem’”, contou Ágata. A técnica afirma que há parcerias e registros de compras, mas que o jurídico do clube proibiu o envio das provas. As atletas negam e dizem que o clube negligenciava a alimentação diária.

Atleta arranhada pelos gatos que haviam na casa. Foto: Divulgação
Câmeras pela casa e imposições religiosas
As jogadoras denunciaram a presença de câmeras dentro da residência, inclusive voltadas para áreas internas. “Ficava assistindo como reality show”, disse Lara. Também mencionaram que Walessa impunha orações diárias, independentemente da crença das atletas. Fernanda afirmou: “Era uma enganação, a gente achava que ia para academia e era culto”. A técnica, por sua vez, disse que oração é parte de seu método de trabalho.
Segundo as atletas, a dona do clube mantinha gatos no alojamento e transferia responsabilidades e gastos para elas. Um dos felinos teria custado R$ 3 mil após uma fuga, e a culpa foi atribuída às jogadoras. “O quarto ficou para ele, com ventilador e luz acesa”, relatou Lara. Até o momento da denúncia, algumas atletas ainda aguardavam a agem de volta para casa. Walessa afirma que não arcou com os custos por recomendação jurídica.
A Federação Potiguar confirmou que as jogadoras buscaram orientação após os acontecimentos. A entidade não recebeu denúncia formal, mas encaminhou as atletas ao Ministério do Trabalho e à Justiça. Segundo a Federação, ela não se envolve em conflitos internos entre clubes e atletas, mas orienta nos caminhos legais. O caso do União-RN reforça a urgência por fiscalização e dignidade no futebol feminino de base e divisões inferiores.

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Clube e dona negam todas as acusações
Tereza Walessa afirma que todas as denúncias são falsas e movidas por perseguição. “Estou trabalhando com esporte de alto rendimento, como técnica, não posso cobrar?”, rebateu. Ela afirma que há intolerância religiosa contra sua metodologia, mas que não mudará sua forma de trabalho. As jogadoras, por sua vez, sustentam que foram vítimas de um ambiente hostil e desrespeitoso. O caso deve seguir para a esfera judicial nos próximos dias.